Com pouco mais de um ano de atraso devido a razões já bastante óbvias, a Expo Dubai 2020 foi finalmente inaugurada no último dia 1 de outubro. Realizada por primeira vez no Oriente Médio, a Expo é um dos principais eventos no calendário mundial da arquitetura, contando hoje com 191 países participantes. Os já tradicionais pavilhões nacionais foram organizados em três distritos temáticos: Mobilidade, Sustentabilidade e Oportunidade, com cada pavilhão apresentando as principais contribuições do país no setor. Além destes, cada um dos três distritos conta ainda com um pavilhão temático: o Pavilhão de Sustentabilidade “Terra”, projetado pela Grimshaw, o Pavilhão de Mobilidade “Alif”, concebido pela Foster + Partners e o Pavilhão da Oportunidade “Mission Impossible”, desenvolvido pela AGi Architects.
A seguir, descubra mais informações sobre seis pavilhões imperdíveis desta última edição da Expo, os quais apresentam uma leitura única sobre os temas em questão.
Descrição fornecida pela organização da Expo Dubai 2020: Vivemos em um mundo hiperconectado. Descubra como avanços em mobilidade estão impulsionando o progresso de cidades e países ao redor do mundo, transformando a maneira como vivemos e nos relacionamos com o espaço construído. O Distrito da Mobilidade procura evidenciar a importância das conexões na vida cotidiana, diminuindo distâncias e aproximando pessoas—estabelecendo sociedades onde informações, bens e serviços se tornam cada dia mais acessíveis.
Intitulado “The Green Arch”, o Pavilhão Belga na Expo Dubai 2020 destaca o surgimento das chamadas cidades verdes, as quais procuram estabelecer novas redes de conexões a partir de infra-estruturas industriais, novas tecnologias e compartilhamento de conhecimento. Recentes projetos de planejamento urbano na Bélgica incluem o desenvolvimento e implantação de sistemas de mobilidade inteligente, os quais estão detalhadamente expostos no Pavilhão Belga, que apresenta ainda a visão e as metas do país para o ano 2050. O pavilhão foi projetado em parceira pelos escritórios belgas ASSAR ARCHITECTS e Vincent Callebaut Architectures a partir de um conceito desenvolvido previamente pelas empreiteiras belgas BESIX e Vanhout.
Intitulado “Smart Korea, Moving the World to You”, o Pavilhão Sul-Coreano deste ano procura explorar novas conexões e perspectivas para sistemas de mobilidade urbana no futuro, os quais apontam para uma sociedade cada vez mais hiperconectada. A exposição inclui uma série de diferentes elementos, como conexões virtuais em tempo real com a Coréia do Sul, oferecendo aos visitantes a chance de viajar no tempo e no espaço. “Mass_ity” (um conceito que engloba a ideia de Massa e Cidade) é outro conceito explorado pelo Pavilhão da Coréia, construindo relações entre as “massas” que compõe a estrutura de uma cidade. Como um jogo de formas e volumes, esta relação de massas se reflete na estrutura da fachada do pavilhão, a qual é composta por uma série de cubos giratórios com diferentes imagens e cores. O Pavilhão Sul-Coreano para a Expo Dubai 20202 foi projetado pelo escritório MOOYUKI Architects (Moon Hoon + Seong Bong Yun + Dong Gyu Kim).
Descrição fornecida pela organização da Expo Dubai 2020: A cada novo dia que nasce, nos tornamos mais conscientes sobre a importância da sustentabilidade para o futuro do planeta. À medida que nos engajamos e unimos nossas forças, pequenas ações ganham um novo significado. No Distrito da Sustentabilidade, os visitantes poderão conhecer melhor algumas das tecnologias mais inovadoras neste sentido, além de descobrir o que os países estão fazendo para promover a sustentabilidade do ambiente construído e como isso possivelmente poderá transformar a maneira como nos relacionamos uns com os outros e com o espaço urbano no futuro próximo.
O Pavilhão da Holanda para a Expo Dubai 2020 propõe um sistema climático circular que coleta água e energia e as transforma em um sistema de irrigação inteligente para a produção de alimentos, criando um ecossistema temporário que nasce da simbiose entre natureza, arquitetura e tecnologia. O projeto procura explorar novas soluções técnicas e tecnológicas para lidar com a “escassez de água, de energia e de alimentos, estabelecendo um modelo experimental em escala 1:1”. Interiormente, o foco principal do projeto expositivo do pavilhão é uma grande estrutura cônica de duas faces—uma fazenda vertical de plantas comestíveis por fora e um sistema de produção de cogumelos por dentro. Esta estrutura, semelhante a uma enorme chaminé, ajuda a regular a temperatura e a umidade no interior do pavilhão. A água é captada diretamente a partir da umidade do ar, redirecionando-a para um sistema de irrigação inteligente, sendo que o pavilhão tem a capacidade de produzir até 800 litros de água por dia. O Pavilhão Holandês para esta última edição da Expo foi projetado pela V8 Architects, e o projeto expográfico desenvolvido pelo escritório Kossmanndejong.
O Pavilhão Brasileiro trás a floresta amazônica para o deserto de Dubai, criando uma experiência interativa que transporta os visitantes temporariamente às margens do rio Amazonas. O pavilhão recria a atmosfera tropical do país em pleno Oriente Médio, cobrindo praticamente metade dos 4 mil metros quadrados do pavilhão com um enorme espelho d'água para que os visitantes possam mergulhar em uma experiência sensorial única apoiada por mais de cem projetores que transformam a membrana translúcida que reveste o pavilhão em telas que revelam a biodiversidade do clima tropical brasileiro.
Para amenizar o calor excessivo de Dubai, a estrutura do pavilhão foi concebida como um oásis no deserto, oferecendo sombra e ar fresco durante o dia, e transformando o espaço esportivo em uma floresta tropical de luz durante à noite. Em relação ao tema sustentabilidade, os autores do projeto explicam que “a Expo é uma oportunidade única para o Brasil mostrar ao mundo sua visão sobe a sustentabilidade e como estamos priorizando o desenvolvimento sustentável em nosso país. Quando pensamos em sustentabilidade, precisamos primeiramente entender que todos nós somos também parte da natureza, e que esta simbiose é a chave para o futuro da humanidade. A Expo oferece uma oportunidade única para apresentarmos a nossa vidão ao mundo”. O pavilhão brasileiro foi projetado de forma colaborativa pelos escritórios JPG.ARQ, MMBB e Ben-Avid.
Descrição fornecida pela organização da Expo Dubai 2020: Em todas as esferas da vida existem infinitas possibilidades. Até mesmo um único indivíduo pode ser uma poderosa ferramenta de mudança e transformação, e mais ainda quando nos engajamos em comunidade. É chegada a hora de liberarmos todo potencial destes agentes de mudanças. Nossas escolhas e ações estão sempre interconectadas, e é isso que o Distrito das Oportunidades nos mostra. Conheça alguns destes agentes de mudança e transformação, personagens que inspiram sonhos e movem montanhas, desbloqueie todo o potencial dentro de você.
Chamado “Reflections”, o Pavilhão Suíço na Expo Dubai 2020 revela as todo o potencial das relações implícitas entre a paisagem natural e humana deste pequeno país no coração da Europa. O projeto expositivo do pavilhão foi dividido em três seções, as quais permitem aos visitantes experimentar as características únicas deste país, e de que forma seus arquitetos têm explorado as relações entre tradição e inovação como ferramenta de transformação. O pavilhão procura ressaltar os pontos fortes e as oportunidades criadas no país ao longo dos últimos anos nas áreas da educação, pesquisa, inovação e negócios. Na primeira seção, enquanto os visitantes esperam na fila para entrar, eles são convidados a refletir sobre tudo aquilo que é reconhecido hoje como “tipicamente suíço”. Este percurso continua então dentro do pavilhão, onde os visitantes são recebidos em meio “às nuvens”, imersos em uma paisagem panorâmica com vista para os Alpes. Uma vez atravessada esta cortina nebulosa, os visitantes se deparam com uma interpretação artística do panorama montanhoso do país, enfatizando a autêntica experiência da paisagem suíça. No terceiro e último setor, chegamos a um ambiente urbano, o qual busca reforçar a posição da Suíça como um dos países mais inovadores do mundo hoje. O Pavilhão Suíço foi projetado pelos arquitetos do OOS Architekten, juntamente com a equipe de cenografia do Bellprat Partner e os paisagistas da Lorenz Eugster.
O Pavilhão do Barém, projetado pelo arquiteto suíço Christian Kerez, explora as relações entre a “densidade urbana e as oportunidades que ela proporciona”. Apesar de seu diminuto território, o Barém é o sexto país mais denso do mundo, uma condição física e geográfica que impulsionou historicamente o comércio local, o empreendedorismo e a inovação. Sua longa tradição histórica e cultura não podem ser separadas do processo de desenvolvimento do país, e é assim que o Pavilhão do Barém procura narrar a história da sua arquitetura. Através de uma experiência imersiva, o ato de tecer é utilizado aqui como metáfora da densidade urbana do país, uma forma de artesanato praticado no Barém desde tempos imemoriais. Neste sentido, o projeto expositivo do pavilhão apresenta o desenvolvimento da industria da tecelagem no país, desde os tradicionais teares manuais até a chegada das mais novas tecnologias, como a fibra de vidro e a fibra de carbono. A estrutura do edifício está composta por 126 colunas de aço de 11 cm de diâmetro e 24 m de altura, os quais “tecem” o espaço expositivo do pavilhão.
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