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09 Feb
09Feb

"Inovação" e "design thinking" podem ser duas das expressões mais utilizadas tanto online quanto offline ao longo da última década. Para responder à necessidade global pela "mudança do status quo", empresas bem estabelecidas, start-ups, e até universidades começaram a utilizar essa abordagem para gerar novas maneiras de resolução de problemas e desenvolvimento de novos produtos, levando em conta seu apelo, conveniência e viabilidade. E com isso, um novo arquétipo foi concebido: o design thinker, uma pessoa que tem um kit de ferramentas criativo para gerar algo disruptivo. Então qual é o significado do design thinking e qual sua relação com a arquitetura?

O que é o Design Thinking?

Embora o termo tenha ganhado uma imensa popularidade nos últimos anos, uma das primeiras vezes que o "design thinking" foi mencionado foi no livro "Creative Engineering", de John E. Arnold, publicado em 1959. Arnold, que era professor de engenharia mecânica em Stanford e conhecido por ser um pioneiro no envolvimento do pensamento criativo em seu trabalho, explicou que essa abordagem particular tem a habilidade de resolver problemas existentes ou de propor uma maneira inteiramente nova de utilizar um produto, de diminuir custos de produção, e aumentar vendas. Outros acadêmicos afirmam que a origem do design thinking foi nos anos 1960, quando professores universitários tentaram "cientificar" o design entendendo suas características, influências, processos e metodologias. Décadas depois, a terminologia encontrou seu caminho em várias disciplinas, utilizando a criatividade como um meio de abordar a demanda cada vez maior por inovação, especialmente depois que empresas entenderam que eram incapazes de desenvolver novos e inéditos produtos e serviços para atender às demandas de seus clientes e se manter diante da competição. 

 O Design thinking é uma abordagem de resolução de problemas centrada no ser humano e que utiliza a maneira na qual os consumidores interagem com um produto como a base para desenvolvê-lo ainda mais, ao invés de confiar apenas em pesquisa teórica, suposições e hipóteses. Ao contrário do que o nome possa significar, isso não significa necessariamente que o design thinking seja aplicável exclusivamente nos setores de design, como os de design industrial ou de produtos, mas também pode ser aplicada em todos os modelos de negócios, não importando seus gêneros ou mercados. Por que o "design", então? Os designers há muito tempo são valorizados como pensadores "fora da caixa" e produtores que foram ensinados durante suas formações acadêmicas e anos iniciais de prática os métodos e ferramentas para produzir novos materiais disruptivos.

 Ao responder a mudanças modernas em tendências e valores de consumo, os criativos analisam as experiências do usuário por uma uma abordagem prática que prioriza as necessidades dos consumidores. Uma das características do design thinking é o desenvolvimento de um entendimento com o usuário final, permitindo que ele forme uma conexão sustentável com o produto. Já que o processo coloca de lado o pensamento analítico e favorece essa exploração do produto e a relação do usuário, ele engloba diferentes modos ou fases que consistem em análise de contexto, observação, busca de problemas, brainstorming, ideação, pensamento criativo, desenvolvimento de esboços, prototipagem, testagem e avaliação (as fases não são sempre sequenciais). E já que a inovação é um processo interminável, o design thinking é também infinito, então a série pode ser repetida a cada atualização desejada. 

Qual o papel dos arquitetos no design thinking? 

Além dos projetos de prédios, a maioria das escolas de arquiteturas dedicam pelo menos o primeiro semestre de seu programa para treinar estudantes sobre como utilizar suas estratégias de pensamento livre. Durante esse período, os estudantes aprendem sobre o processo criativo do design, com ênfase em expressão individual, experimentação e análise crítica, assim como a base dos aspectos teóricos e técnicos da profissão. Esses fundamentos permitem que arquitetos olhem para além do ambiente construído como um espaço funcional, e o vejam como uma resposta física às demandas urbanas, comuns e ambientais. Em outras palavras, arquitetos pensem da mesma maneira que designers gráficos, de produto ou de interfaces, eles apenas implementam em meios diferentes.

 Como foi mencionado acima, empresas, produtos, e serviços hoje em dia são focados em inovação, e para inovar, é preciso ter a capacidade de projetar ou de integrar o design em uma organização para promover um ambiente que acolha a criatividade. Essa abordagem convenceu muitos arquitetos que acreditam que a prática arquitetônica era sistemática demais ou estagnante para migrarem para áreas como o Ux design, as consultorias de de design, as especializações em inovação de produto e negócios, e operações de pesquisa e desenvolvimento, colocando seu jeito de pensar em prática. Os arquitetos também combinaram ambos os mundos se apoiarem em suas estratégias de design thinking para. desenvolver novos sistemas para cidades, prédios e comunidades que são desenvolvidas para atender as necessidades dos usuários, ao invés do planejamento padronizado.

  No entanto, a presença dos arquitetos em discussões sobre design thinking continua mínima. Muitos creditam essa ausência à reputação de ser muito ordeiro ou de nicho, enquanto outros culpam "a crescente complexidade da prática da arquitetura", já que os prédios contribuem para um ecossistema sócio cultural muito maior, e arquitetos possuem dificuldades para explicar seus processos intuitivos de design para os clientes. Por outro lado, arquitetos podem fazer uso do módulo de design thinking para alterar ou avançar as práticas arquitetônicas de hoje em dia, que parecem ter lacunas evidentes. 


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