Modelos sinuosos, curvas acentuadas, formas geometricamente complexas. Quando se aborda o tema da arquitetura paramétrica, essas são, provavelmente, as primeiras imagens que surgem em mente. E não é à toa. Enquanto modo de projetar, a utilização de parâmetros no processo de criação tem possibilitado a criação de formas impressionantes no enlaçamento entre a tecnologia digital e a construção civil.
Apesar de academicamente o termo ainda estar em discussão, na prática, a arquitetura paramétrica pode ser definida como uma maneira de elaborar um projeto arquitetônico a partir de parâmetros pré-definidos, utilizando tecnologia computacional e algoritmos para gerar novas formas.
Em suma, este processo começa quando o arquiteto, por meio de softwares específicos, alimenta o computador com diferentes parâmetros (dados) que podem ser posição solar, condição geológica do solo, comportamento dos materiais, entorno etc., variando de condicionantes simples como a quantidade de material disponível até as mais complexas como uma equação para a verificação dos esforços na estrutura. Esses parâmetros descrevem, codificam e quantificam as opções e restrições existentes dentro de um sistema, servindo de base para a criação da forma final. É como se o arquiteto fornecesse os ingredientes da receita e o computador se encarregasse de apresentar as possibilidades de produto final.
Neste sentido, abre-se um grande leque de opções por meio do qual é possível explorar diferentes formas de modo muito mais rápido e ágil, sem a necessidade da elaboração individual e manual de cada modelo para determinada situação. No processo parametrizado, a arquitetura é justificada, portanto, pelo resultado de uma combinação de variáveis formada pelo sistema computacional aliando principalmente o apelo estético das obras, o atendimento ao programa de necessidades, o comportamento dos materiais e a eficiência ambiental.
Um dos exemplos mais icônicos desse modelo é o Heydar Aliyev Center, projetado por Zaha Hadid em 2013. Sua impressionante sinuosidade foi gerada a partir da análise do local e do programa de necessidades, tendo como principais parâmetros a topografia acidentada do terreno e o desejo de integração e fluidez entre os espaços internos e externos. Além da resposta programática, a forma gerada também foi influenciada pela cultura local do Azerbaijão, refletindo padrões e texturas contínuas que fluem dos tapetes para as paredes, do chão ao teto, às cúpulas, estabelecendo relações contínuas entre elementos arquitetônicos e a região. A correlação e posterior materialização dessa confluência de condicionantes só foi possível graças ao domínio do sistema paramétrico que possibilitou o controle e a comunicação das complexidades entre os inúmeros participantes do projeto.
Apesar de ainda parecer distante, a parametrização na arquitetura está mais próxima do cotidiano do que se imagina, já que, a própria metodologia BIM – bastante recorrente nos processos de projeto hoje em dia – possui como base esse mesmo sistema, porém de uma forma mais simplificada.
Como importante avanço tecnológico que enriquece o resultado final não apenas formalmente, mas também agilizando o processo de projeto, a parametrização – para além da arquitetura – pode ser aplicada na elaboração de mobiliários, decoração, peças de design, projetos paisagísticos, entre muitas outras possibilidades.