A arquitetura biomimética é uma corrente contemporânea que busca soluções sustentáveis na natureza, sem simplesmente replicar suas formas, mas através da compreensão das normas que a regem. Este enfoque multidisciplinar busca seguir uma série de princípios ao invés de se concentrar em códigos estilísticos. Estes mecanismos naturais parecem funcionar melhor que algumas das tecnologias mais avançadas da atualidade, necessitam de menos energia e não produzem resíduos nem deixam marcas. O desafio está em como os arquitetos estão concretizando estes mecanismos e se realmente funcionam como os sistemas que os inspiraram.
Biomimética enquanto uma ciência que estuda os modelos da natureza e, em seguida, imita ou se inspira nesses projetos e processos para resolver problemas humanos.
A biomimética usa um padrão ecológico para julgar a “correção” de nossas inovações. Após 3,8 bilhões de anos de evolução, a natureza aprendeu o que funciona, o que é apropriado e o que resiste.
A biomimética é uma forma de ver, valorizar e respeitar a natureza.
Agora, entrando no campo da arquitetura propriamente dito, a biomimética pode ser vista como uma abordagem projetual tecnologicamente orientada que busca soluções na natureza para além de uma mera replicação das suas formas, estabelecendo-se por meio de uma compreensão mais aprofundada das normas que a regem.
Apesar de ser considerada uma corrente contemporânea, e de fato tenha ganhado muita força nos últimos anos, o arquiteto Michael Pawlyn afirma em seu artigo How biomimicry can be applied to architecture, publicado no Financial Times, que um dos primeiros exemplos de arquitetura biomimética pode ser encontrado no trabalho do renascentista Filippo Brunelleschi o qual, após estudar a resistência das cascas de ovo, projetou uma cúpula mais fina e leve para sua catedral em Florença, concluída em 1436.
Trazendo para os dias atuais, Pawlyn ainda cita como exemplo a observação e estudo de cupinzeiros no desenho de ambientes climaticamente confortáveis em locais quentes, como Zimbábue – onde tal técnica foi testada no edifício Eastgate Centre – eliminando a necessidade do uso de ar-condicionado.
Esta, que pode ser chamada de “revolução biomimética”, é considerada hoje em dia uma importante diretriz rumo à sustentabilidade do ambiente construído representando um momento em que as construções não estão mais baseadas exclusivamente no que pode se extrair da natureza, mas atentas ao que se pode aprender com ela.
Durante o workshop, realizaram-se práticas de observação na natureza e prototipou-se com biomimética alguns projetos em desenvolvimento no escritório. Dentre os projetos desenvolvidos, foram feitos estudos no Parque em Campos do Jordão, no Parque Ibirapuera, e em um terminal rodoviário. Como ponto de partida dos projetos realizados, identificou-se quais desafios em cada projeto seriam resolvidos através da biomimética.
O projetos foram desenvolvidos através do Biomimicry Thinking e executados por etapas orientadas com objetivo de não se perder no processo e também para evitar que a criação fosse apenas uma invenção com uma justificativa de biomimética. A partir disso, buscou-se na natureza estratégias utilizadas por diferentes organismos para vencer desafios semelhantes, investigando como elas poderiam inspirar as soluções de projeto.