Já parou para pensar como será o ambiente de trabalho? Um modelo híbrido e mais flexível é a grande aposta para o futuro. Os escritórios pós-pandemia terão cuidados especiais que prometem ser permanentes.
A pandemia trouxe uma série de mudanças no mundo e transformou a forma como nos comunicamos e convivemos em sociedade. Com a vacinação avançando dia após dia no Brasil, muitos gestores já estão colocando em prática alguns cuidados que os escritórios precisarão ter no pós-pandemia para receber seus funcionários de um jeito seguro, prático e confortável.
Uma coisa é certa: o modelo home office não será esquecido no pós-pandemia. Estudos apontam que as empresas estão tendendo a um modelo “híbrido” de trabalho, em que o funcionário poderá trabalhar tanto em casa como no escritório. De acordo com um relatório feito pela International Workplace Group (IWG), neste período aumentou a procura por coworkings e escritórios flexíveis, e o que se espera é que com o modelo híbrido, a tendência é que esse número cresça pelo menos 40% em 2021.
Mas afinal, quais mudanças devem ser esperadas nos escritórios pós-pandemia? Como o design de interiores e a arquitetura podem ajudar a criar um espaço de trabalho mais seguro?
Convidamos os especialistas Marília Veiga, Fernando Brandão e Korman Arquitetos para dar previsões sobre como será o “novo normal” nos escritórios.
O que podemos esperar dos escritórios no pós-pandemia?
Os especialistas concordam que o escritório sofrerá mudanças inevitáveis que acarretarão em um modelo mais flexível de trabalho. De acordo com Leda e Carina Korman, da Korman Arquitetos, “o que não muda são os equipamentos necessários tais como o computador, copiadora”, mas o layout e a forma como os aparelhos devem ser distribuídos vai ser alterado – e muito.
O arquiteto Fernando Brandão acredita que a flexibilização dos escritório vai ainda mais além, e já prevê o aumento de espaços “domésticos” no ambiente de trabalho, o que já é uma realidade, mas, segundo o especialista, deve aumentar.
“Nas empresas já é possível prever que haverá uma maior humanização do espaço de trabalho. Isso já era uma tendência, mas a pandemia trará como mais óbvia e forte a influência do home para o office, ou seja, teremos ambientes de trabalhos mais domésticos com berçários, dog care, cozinhas e copas, além de áreas ao ar-livre com fartos e largos jardins para pequenas reuniões e concentração”, afirma Brandão.
Assim como as arquitetas da Korman, Marília Veiga também acredita que a disposição dos escritórios deve mudar. Muitas empresas já estavam lançando mão de grandes bancadas no lugar de uma mesa individual, o que permite a integração e comunicação mais próxima entre seus funcionários, além de dar maior flexibilidade para os mesmos sentarem no lugar de sua preferência.
Os revestimentos também serão uma pauta importante para tornar a atmosfera dos escritórios mais segura, e nisso Marília Veiga, Leda e Carina Korman concordam.
Se antes o uso do álcool gel era dispensável, hoje, ele faz parte do “kit de sobrevivência” da maior parte dos brasileiros. Contar com isso nos escritórios não será nenhuma surpresa. “Os projetos vão trazer revestimentos que sejam mais fáceis de limpar, disponibilizar dispensers de álcool gel, armários de produtos de limpeza mais acessíveis e até lâmpadas UV, que são germicidas, e destroem o material genético de vírus, fungos e bactérias”, afirma Veiga.
Os revestimentos também serão revistos. Aqueles que acumulam microrganismos tendem a ficar defasados, enquanto os mais fáceis de serem higienizados vão se tornar queridinhos dos escritórios.
“Quanto à higiene, o ideal seria usar acabamentos que aceitem uma certa esterilização como laminado plástico, que hoje existe em diversas padronagens bem legais”, indicam as arquitetas da Korman.
Ainda em relação à higiene, Leda e Carina Korman indicam os pisos ideais para o pós-pandemia: “o melhor seria a colocação de pisos cerâmicos, mármore ou até vinílicos, pois como as cadeiras possuem rodinhas, além de mais confortável, é mais fácil de limpar e são materiais que aceitam álcool e o lysoform (um tipo de desinfetante de superfícies com alta eficácia)“.
O uso de materiais que focam em trazer conforto e leveza ao ambiente serão os preferidos para diferentes composições. “O uso de materiais naturais, pedras, madeiras, tecidos e transparência. Como consequência desta fase, teremos espaços informais, descontraídos e coloridos. Empresas com políticas inclusivas, sustentáveis e identidades fortes e humanizadas terão mais valor”, afirma Brandão.
Na prática, isso significa que alguns aspectos antes já tão importantes para o layout dos escritórios poderão ser revistos, e o principal para os gestores será oferecer um espaço seguro, criativo e engajado, além de também contar cada vez mais com atitudes verdes para o dia a dia.
As arquitetas Leda e Carina dão as dicas quanto a disposição e tamanho de mesas e cadeiras:
“O ideal é que a bancada seja linear para que o usuário tenha tudo à mão. A mesa nunca poderá ser menor que 1,40m, pois esse é o mínimo para que a cadeira possa girar e dar espaço aos outros equipamentos. A altura da mesa é a mesma de uma de comer, o que significa que nunca deve ser mais alta que 0,76 cm”.
O “anywhere office” está cada vez mais ganhando força, especialmente quando falamos sobre escritórios pós-pandemia. Para Marília Veiga, essa com certeza será uma tendência.
Trata-se de um conceito que significa “escritório em qualquer lugar”, o que demonstra um desejo cada vez maior de empresas utilizarem espaços flexíveis para sua rotina. Espaços integrados, boa iluminação, distanciamento social e espaço dinâmico com arte e natureza protagonizando a composição é o que Brandão e Veiga apontam.
“Uma característica da arquitetura clássica moderna brasileira deve ser resgatada. Arquitetos e artistas plásticos deverão trabalhar juntos novamente [para criar] espaços alegres, inspiradores e e arejados naturalmente“, acredita Fernando Brandão.
A ideia é que com mais flexibilidade e liberdade, os funcionários consigam ficar em segurança ao mesmo tempo em que resgatam uma característica que o home office não pôde oferecer à quem precisou improvisar um espaço de trabalho em casa: um local despojado pensado para aumentar a produtividade.